Agora que está se aproximando a época do ano com maiores temperaturas, aumentam as preocupações com o efeito do calor sobre os animais e, essa preocupação é verdadeira e necessária.
O estresse térmico gera efeitos danosos sobre a fisiologia dos animais e inclusive, exerce efeito transgeracionais pois, filhas e netas de vacas que sofrem com o calor, apresentam resultados negativos em suas capacidades produtivas.
Mas é apenas o calor que interfere no animal?
A resposta curta e grossa é NÃO! Na verdade temos um somatório de fatores que vão acabar interferindo, deixando claro que devemos estar atentos a questões multifatoriais para reduzir esse efeito. Entretanto, dois pontos devem ser considerados como os de maior impacto direto sobre os animais; a temperatura e a umidade relativa do ar pois, locais com altas temperaturas e alta umidade relativa do ar são de maior impacto sob ponto de vista de estresse térmico.
Quais os principais efeitos do estresse térmico sobre os animais?
- Aumento da taxa respiratória: Animais com excesso de calor aumentam a ofegação com o objetivo de retirar água do corpo o que ajuda no processo de resfriamento do corpo;
- Alteração do fluxo circulatório: Como o animal está sentindo calor e precisa achar formas de diminuir esse calor, há uma mudança do fluxo sanguíneo, colocando a circulação mais periférica para aumentar a retirada de água, com isso há uma diminuição do fluxo sanguíneo em órgãos internos, no caso de bovinos leiteiros, é importante ressaltar o menor fluxo de sangue para rúmen, fígado, glândula mamária e útero;
- Redução de consumo de matéria seca: Quando o animal está com calor ele come menos, pois além de precisar ofegar para colocar a calor para fora, ao comer o animal produz calor dentro do corpo (calor endógeno) e para evitar essa fonte de calor, o animal come menos;
- Aumenta o tempo em pé: Como o animal está com calor ele permanece de pé para diminuir a área de absorção de calor e, dessa forma, ele aumenta a chance de lesões de locomotores;
- Deita em pisos frios e sujos: Quando esse calor é em áreas de confinamentos, muitas vezes vemos os animais deitados na área de alimentação onde o piso de concreto é frio. O problema que esse piso também é abrasivo e sujo o que aumenta as lesões em regiões articulares e os casos de mastites de rebanho.
Então, como proceder em situações de calor?
Em primeiro lugar as ações devem ser bem planejadas para não aumentar os custos sem que tenham o efeito buscado. Em segundo lugar, devemos entender que o calor é cumulativo no corpo dos animais, por isso, o animal vai somando o acréscimo de temperatura e muitas vezes, o horário que o animal mais sente calor não é mais o horário mais quente do dia. Entenda, o estresse térmico pode levar os animais a óbito e, além disso (que já é extremamente grave), gera perdas econômicas enormes na propriedade. Pensando nisso, existem ações que podem ser feitas para reduzir o efeito do calor nos animais, entre os quais pode-se citar:
- Sombreamento: o uso de sombras naturais ou artificiais (sombrite) é uma forma de diminuir o efeito do sol sobre os animais, lembrando sempre que não adianta apenas ter a sombra. Ela deve ser feita de forma pensada e programada a ter um efeito correto. Considera-se ideal que a sombra tenha a distância de 1m de altura para cada 10 litros de leite produzido na média do rebanho;
- Água: nesse caso, cito a água de beber que deve ser abundante, limpa e fresca. Quanto maior o número de pontos de água maior vai ser a chance dos animais beberem, principalmente porque diminuímos a competição nos cochos de água;
- Alimentação: para esse período podemos e devemos reduzir nutrientes que aumentam a produção de calor interno, como é o caso do amido e claro, devemos achar fontes energéticas substitutas com menor produção de calor, como é o caso das gorduras;
- Sistemas de resfriamento: quando citamos assim, falamos de vento, água (aspersão) ou, o que é mais eficiente, a soma dos dois, vento + água. Apenas devemos considerar que deve ser muito bem feito para não termos o problema de ter um sistema que não funciona direito mas que já gera custo.
Assim sendo…
O calor unido à umidade relativa do ar são problemas que devemos considerar como um grande ponto de interferência sobre a capacidade produtiva da propriedade e, por isso, devemos trabalhar com formas de amenizar esses efeito para reduzir perdas importantes no sistema de produção.